Em tempos onde a sustentabilidade vem sendo cada vez mais discutida, o Greenpeace vem se unir ao debate no Recife.
A vinda do navio Rainbow Warrior ao Brasil marca os 20 anos da
organização no país. A embarcação chegou à capital pernambucana nesta
sexta-feira (1º) e fica atracada entre os armazéns 7 e 8 do Porto do
Recife, com visitação gratuita e aberta ao público no sábado (2) e
domingo (3).
O navio é a terceira geração do Rainbow Warrior - outros dois já
receberam esse nome. O comandante, Joel Stuart, esteve também no Rainbow
Warrior II, que foi doado para uma organização não-governamental e
funciona atualmente como um navio-hospital em Bangladesh, na Índia. No
Greenpeace desde 1989, o comandante largou a marinha comercial para ser
voluntário. "Quando eu vi o que o derramamento de petróleo fez à paisgem
do Alasca, resolvi que precisava mesmo fazer algo", lembra Joel.
De lá para cá, foram dezenas de embarcações, mas nenhuma delas como o
Rainbow Warrior 3. "Esse é o primeiro navio que foi projetado
especificamente para o Greenpeace e para campanhas. O design dele é
próprio para minimizar a emissão de carbono", conta o comandante. O
navio pode ser movido apenas por velas, quando o vento é favoravel, ou
por um sistema híbrido, que usa, do motor, apenas o necessário.
Com 16 tripulantes fixos, o Rainbow Warrior tem capacidade para até 32
pessoas dormirem. Pensada para ser sustentável, a embarcação conta com
tratamento biológico de água e esgoto, central de armazenamento de
combustível e de óleos para evitar derramamento, além de reutilizar o
calor do motor e dos geradores para aquecer a água e as cabines da
tripulação. "O mastro tem 55 metros de altura e é em formato de 'A'. São
poucos os navios do mundo que tem. Além disso, temos um heliponto, algo
que é essencial nas nossas ações", explica Mario Kabilio.
Único brasileiro da tripulação do navio, Mario se formou em
administração em São Paulo, mas largou tudo para navegar com o
Greenpeace. "Era um sonho meu, viajar o mundo navegando. Trabalhar como
marinheiro aqui uniu duas coisas que eu queria. Essa luta pelo meio
ambiente casou com meu sonho", conta Mario, que há seis anos navega com a
organização.
A chegada da embarcação ao Recife estava prevista para a semana
anterior, mas a tripulação se engajou em uma causa ambiental a caminho
da cidade e adiou a chegada – na baía de São Marcos, em São Luis,
capital do Maranhão, o Rainbow cruzou com outro navio prestes a embarcar
ferro-gusa produzido com desmatamento da Amazônia, de acordo com o
Greenpeace. "Eu me sinto orgulhoso de estar fazendo esse trabalho.
Quando as pessoas vierem visitar, mais do que contar o que estamos
fazendo, vamos discutir o que elas podem fazer também", adianta o
comandante.
Visando as missões, o navio conta também com embarcações menores que
podem ser lançadas ao mar facilmente. "As velas também podem ser
recolhidas ou abertas rapidamente. Todos os sistemas são pensados para
facilitar o nosso trabalho", explica o comandante.
O público vai poder subir a bordo do navio de 10h às 17h e conhecer as
instalações, conversar com os tripulantes e o capitão. O recomendado é
usar roupas leves e deixar o salto alto em casa. Além de poder visitar o
navio gratuitamente, os visitantes vão ter sete estandes do Greenpeace,
com recreação para as crianças, exposições com a história da
organização, além de uma oficina de cozinha solar.
Missão no Recife
Mais do que conversar com o público, o Greenpeace chegou ao Recife com a
missão de discutir energias renováveis. "Estamos lançando hoje uma
carta, chamada 'Carta do Recife', além de um estudo que fizemos sobre
energia renovável no país, 'Horizonte Renovável'", explica o coordenador
da campanha de clima e energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo.
Entre os pontos levantados pelo Greenpeace está o potencial de cada
região do Brasil em energia renovável. Pernambuco é apontado como forte
no ramo da energia eólica, devido à fábrica instalada na região, mas
Ricardo comenta que o estado poderia investir mais em energia solar. "O
Nordeste tem um potencial enorme, devido à exposição solar. Se pusermos
placas solares em 2% dos regiões urbanizadas do país, teremos energia
suficiente para todo o Brasil", aponta Ricardo.
Fonte: JC